Eliminatórias da Copa do Mundo 2018

35 anos esperando por esse dia: Peru é favorito a vencer a Nova Zelândia e voltar à Copa do Mundo

Foto: Kai Schwoerer/Getty Images

Seleção não vai contar com Paolo Guerrero – mas sim com a enorme loucura que toma conta do país na espera da partida da 0h15 (de Brasília) desta quinta (16)   

Os peruanos não se aguentam. E não é para menos. A madrugada de quinta-feira (16) pode entrar para a história como o dia em que o país colocou um ponto final em uma espera de 36 anos sem disputar Copas do Mundo. Para isso, a seleção comandada pelo técnico argentino Ricardo Gareca precisa apenas fazer a lição de casa contra a modesta Nova Zelândia, a partir das 0h15 (de Brasília), no Estádio Nacional de Lima. No jogo de ida, deu empate, 0x0. Agora, a situação é muito simples: quem ganhar vai à Copa. Empate com gols classifica a representante da Oceania. Novo 0x0 leva a decisão para a prorrogação.

Será simplesmente a 32ª e última vaga em disputa para o Mundial de 2018, na Rússia.

 

E por que o Peru é favorito?

Por A) Ter uma equipe consideravelmente superior, B) Pela maior tradição no futebol e C) Por jogar diante de seu fanático torcedor.

O grande ausente desta partida tão aguardada é o atacante Paolo Guerrero, do Flamengo, pego no exame antidoping. O artilheiro peruano contesta o resultado, mas não reuniu condições de atuar nesta partida de volta. Na primeira partida, ficou clara a falta que Guerrero faz ao time de Gareca: o time criou boas situações, mas não tirou o zero do placar. A vaga de Guerrero foi ocupada pelo veterano Farfán, sem tanta bagagem para jogar com um típico 9.

Gareca mudou a equipe, que agora vai ter Farfán atuando mais pelo lado direito – Ruidiaz será o centroavante. A armação segue a cargo do são-paulino Christian Cueva, que até buscou o jogo e tentou dar criatividade à equipe no 0x0 em Wellington, mas não conseguiu furar a defesa da Nova Zelândia.

Outra boa alternativa para atacar em Lima vai ser contar com as investidas de mais um “peruano brasileiro”: o lateral Miguel Trauco, companheiro de Guerrero no Flamengo. No primeiro jogo, ele já avançou e tentou boas tabelas com o meia Flores.

 

O país está realmente parado

Em Lima, a partida domina completamente as atenções e as conversas: não se fala em outra coisa que não seja o jogo decisivo. A enorme mobilização da torcida local tem uma explicação simples: apesar de ter um povo fanático por futebol e de contar com jogadores e agremiações importantes, o Peru não participa de uma Copa do Mundo há mais de três décadas, desde o Mundial da Espanha, em 1982.

Quebrar esse jejum e ir à Rússia após uma ausência de 36 anos dará início a uma comemoração inesquecível – o governo já anunciou que, em caso de classificação, será feriado na quinta. E não é de se duvidar que o ritmo do país só volte ao normal na semana que vem. No total, o Peru já disputou quatro edições do torneio: 1930, 1974, 1978 e 1982. Seu melhor resultado foi um sétimo lugar no México, em 1970. A Nova Zelândia foi a duas Copas e nunca passou da primeira fase.

Para evitar a loucura do torcedor, a seleção decidiu se blindar – o time está isolado num hotel de luxo em Lima e evita o contato com o público neste momento decisivo. O técnico Gareca e seus jogadores estão em silêncio: as entrevistas antes do jogo foram canceladas. O objetivo de Gareca é deixar sua equipe totalmente focada na missão de despachar os neozelandeses.

 

Nova Zelândia demonstra confiança

Mesmo lidando com uma adversidade rara em sua história, a Nova Zelândia acredita que pode arrasar a festa peruana se encontrar os mesmos vacilos defensivos vermelhos e brancos da partida de ida. Mesmo reconhecendo as chances, a equipe passa a pressão para o lado sul-americano. “O Peru é o favorito, com ou sem Guerrero”, diz o técnico Anthony Hudson. “Todo mundo acha que o Peru vai ganhar porque é uma equipe grande. Não estamos aqui para festa. Estamos aqui para ganhar.”

 

Palpite

Esta talvez seja a partida de Repescagem mais aguardada na América do Sul desde o Argentina x Austrália de 1993, quando Maradona conduziu a seleção vizinha à classificação para aquele Mundial. O retrospecto dos sul-americanos diante dos postulantes da Oceania é bastante favorável: são quatro confrontos até aqui, e em somente um, em 2005, a Austrália conseguiu levar vantagem sobre o Uruguai (e ainda por cima na decisão por pênaltis).

A garra e o simbolismo do momento do Peru devem fazer com que a seleção jogue com a firmeza necessária: um 2×0 para o time de Gareca é mais que previsível para abrir uma festa peruana que será imensa daqui até o começo do Mundial.