Copa do Brasil

Barcos marca e dá vantagem ao Cruzeiro diante do Palmeiras; no Rio, a retranca do Corinthians segura o 0 a 0 com o Flamengo

Cruzeiro sai na frente
Foto: Getty Images / Reprodução

Com direito a gol anulado nos acréscimos e expulsão do lateral Edílson, do Cruzeiro, no segundo tempo, o Palmeiras foi derrotado pela Raposa no primeiro jogo da semifinal da Copa do Brasil, jogando no Allianz Parque. Ao mesmo tempo, no Maracanã, o retrancado Corinthians segurou o ímpeto ofensivo do Flamengo e garantiu um interessante 0 a 0 para o duelo decisivo daqui há duas semanas no Itaquerão.

Enfrentando seu adversário mais forte nesta nova “era Felipão”, o Palmeiras falhou miseravelmente na missão de conquistar um bom resultado em casa na primeira partida da semifinal da Copa do Brasil diante do Cruzeiro e agora precisa de uma vitória no Mineirão no próximo dia 26 para, pelo menos, levar a decisão para os pênaltis.

Em sua segunda partida no comando do Corinthians, Jair Ventura não teve medo de montar uma retranca digna dos times do interior paulista e com 3 volantes em campo – e contando também com a ajuda do péssimo gramado do Maracanã – voltou para casa com um importante 0 a 0 no bolso. No jogo de volta em Itaquera, daqui há duas semanas, o Timão precisará apenas de uma vitória simples para se garantir na final da Copa do Brasil. É claro que o mesmo vale para o Flamengo.

 

Palmeiras 0 x 1 Cruzeiro

O encanto se quebrou

Coube ao Cruzeiro de Mano Menezes a missão de colocar um ponto final à maravilhosa fase de Felipão em seu retorno ao Palmeiras. Acumulando uma boa série de oito vitórias, dois empates e apenas uma derrota desde a chegada do novo treinador, o Verdão não se achou em campo, insistiu nas jogadas com Dudu e após um início até que interessante, ficou preso na excelente marcação cruzeirense que garantiu a vantagem mínima para o duelo de volta.

Forçando as jogadas em cima dos laterais Egídio e Edílson – nitidamente os pontos mais fracos da defesa do Cruzeiro – o Palmeiras exerceu alguma pressão e assustou com Borja. Mas aos poucos o ritmo foi caindo. Com Dudu quase sempre marcado por dois rivais e Moisés sofrendo com a marcação de Lucas Silva e Henrique, o Verdão perdeu força.

 

A “Lei do Ex”

Em seguida à boa finalização de Borja espalmada por Fábio, o Cruzeiro encaixou um contra-ataque perfeito que acabou no gol de Barcos – o “Pirata” que tantas alegrias deu ao torcedor do Verdão. Fazendo valer a “Lei do Ex”, a jogada escancarou o grande problema dos donos da casa para esta partida: Thiago Santos e Bruno Henrique simplesmente não conseguiam “encontrar” Arrascaeta, Thiago Neves e Robinho em campo. Criativos e bons na marcação os meias da Raposa dominaram o meio campo e controlaram o jogo.

 

As mudanças não resolveram

Felipão mexeu no Palmeiras para o segundo tempo e buscando mais criatividade colocou Lucas Lima na vaga de Thiago Santos. Mas a mudança não teve o resultado esperado: muito próximo da área e com pouca movimentação, o meia acabou “escondido” no jogo e pouco fez para ajudar os donos da casa.

O Palmeiras melhorou com a expulsão de Edílson – uma espécie de Felipe Melo do Cruzeiro. Com o espaço na defesa mineira, Lucas Lima começou a se movimentar mais pelos lados do campo e em uma bela jogada, acertou um grande chute no travessão de Fábio que, minutos antes, havia salvo aquele que seria um golaço contra no desvio mal-feito de Egídio.

 

Tem que ter polêmica

Como o empate não vinha, o Palmeiras deixou de lado a organização tática e partiu para o tudo ou nada no final do jogo até que, nos acréscimos, veio o golpe final: o zagueiro Antonio Carlos marcou para o Verdão no último lance do jogo, mas o árbitro Wagner Reway, antes da conclusão da jogada, havia marcado falta de Edu Dracena no goleiro Fábio – que saiu muito mal no lance.

Como não poderia deixar de ser, a decisão gerou muita reclamação. Em campo, os jogadores pediram que Reway consultasse o VAR (árbitro de vídeo), mas o juiz se negou, confirmou a falta, deu andamento ao lance e encerrou a partida em seguida.

Se o juiz estava certo ou não, a verdade é que, assim como aconteceu na final do Campeonato Paulista, o Palmeiras foi incapaz de superar uma defesa bem montada em mais de 85 minutos de jogo – Barcos marcou aos 4 do primeiro tempo. Mais do que reclamar de erros (ou não) da arbitragem, o Verdão precisa ver o que acontece com o time que joga com grande autoridade no domingo contra o Corinthians e é incapaz de criar espaços contra o Cruzeiro na quarta-feira.

 

Como fica

A exemplo do que aconteceu nas oitavas e nas quartas de final da Copa do Brasil, o Cruzeiro começou a semifinal jogando fora de casa e em vantagem. Foi assim contra o Atlético-PR e contra o Santos, respectivamente. Agora, a Raposa leva a vantagem de 1 a 0 contra o Palmeiras para o Mineirão. Basta um empate, por qualquer placar, para que o Cruzeiro chegue à grande final. Ao Palmeiras apenas vitória interessa. Um gol de diferença levará a decisão para os pênaltis. Dois ou mais, classifica o Verdão.

 

Flamengo 0 x 0 Corinthians

Sem vergonha de se defender

Com a polêmica presença do “craque” Fagner – visto pelo Flamengo como uma espécie de Messi de Itaquera –, o técnico Jair Ventura em seu segundo jogo à frente do Corinthians não teve vergonha nenhuma em armar uma monumental retranca para garantir um empate diante do Urubu no vergonhoso gramado do Maracanã – se bem que, pelo futebol que os times apresentaram, o gramado estava até bom.

Com três volantes em campo fechando a frente da zaga – Gabriel, Ralf e Douglas – e tendo apenas Jadson na criação e os inofensivos Clayson e Romero no ataque, Ventura assumiu as limitações de sua equipe e, de certa forma, começou a resgatar o DNA que marcou o alvinegro nas últimas temporadas: organizado na defesa e sem medo de ser “agredido” pelos adversários.

Frente a um adversário com jogadores de qualidade muito superior, o Timão fez o simples e foi recompensado por isso.

 

Os números não mentem

Não foi um jogo bonito. Longe disso. Mas, nos números, o “massacre” flamenguista fica evidente. Foram 21 finalizações para os donos da casa contra 3 dos visitantes; 12 escanteios para o Flamengo e nenhum para o Corinthians; 584 passes certos dos cariocas contra apenas 112 dos paulistas e 15 jogadas na linha de fundo contra apenas 2.

À partir daí têm-se a real dimensão da diferença de “estágios” em que os times se encontram.

O Flamengo, porém, tem domínio (70% de posse de bola), técnica, bons jogadores mas finaliza muito mal. Nas poucas vezes em que conseguiu superar o ferrolho alvinegro, seus atacantes finalizaram para fora ou pararam nas mãos de Cássio que, mais uma vez, teve uma atuação impecável.

 

Como fica

O Corinthians conseguiu o que queria: não perdeu. Qualquer empate no jogo de volta no Itaquerão no próximo dia 26 levará a decisão para os pênaltis. Uma vitória, por qualquer placar, coloca o vencedor na grande final da Copa do Brasil.

Até lá, Jair Ventura terá três semanas de trabalho à frente do Timão. Em menos de uma, ele mostrou que sabe como se defender; talvez, até lá, aprenda também a atacar com o que tem em mãos.

Ao Flamengo, basta uma noite inspirada de Diego, Éverton Ribeiro e Paquetá para manter vivo o sonho do título.

O mistério acabará em duas semanas. No próximo dia 26 conheceremos, em São Paulo e em Minas, os finalistas da Copa do Brasil.