Copa Libertadores

Martín Silva brilha nos pênaltis e coloca o Vasco no Grupo 5 da Libertadores 2018; Nacional e Santa Fe também se classificam

Foto: Carlos Gregório Jr/Vasco.com.br

Bolivianos do Jorge Wilstermann, comandados por Serginho, devolvem os 4 a 0 de São Januário e levam a decisão da vaga no Grupo 5 para os pênaltis.

Era preciso uma improvável sucessão de infortúnios para que o Vasco perdesse a enorme vantagem construída no Brasil, ontem, nos 2.800 metros de altitude de Sucre, contra a equipe do Jorge Wilstermann em sua caminhada rumo à fase de grupos da Copa Libertadores 2018. E o improvável aconteceu. Coube, então, à Martín Silva, capitão, líder e um dos mais experientes jogadores do atual grupo vascaíno a missão de, brilhantemente, salvar a noite dos brasileiros.

 

A vantagem virou pó

Contando com uma atuação simplesmente desastrosa da defesa do Vasco que além de se posicionar mal durante todo o jogo, se poupava em excesso e não vencia uma única disputa de bola pelo alto, os 4 a 0 feitos pelo Cruzmaltino em São Januário viraram pó quando aos 16 minutos do primeiro tempo o Jorge Wilstermann já vencia o jogo por um placar de 3 a 0. Contando com uma noite mais do que inspirada do meia-atacante Serginho, autor de todas as assistências que terminaram em gol para o time boliviano na etapa inicial, Martín Silva pouco pôde fazer para evitar o desastre tendo à sua frente uma defesa que, normalmente bem arrumada, desandou a fazer bobagem.

Como havíamos dito aqui, o maior risco do jovem e inexperiente grupo vascaíno era tomar um gol nos minutos iniciais e se desarrumar. Aos 5 minutos, 1 a 0. Aos 6, 2 a 0. Aos 16, 3 a 0. A vida na Bolívia não estava fácil.

Preocupado demais com o fôlego na altitude de Sucre, a lentidão e falta de atenção do Vasco contrastavam com a concentração e velocidade dos atletas do Jorge Wilstermann. No banco de reservas, Zé Ricardo – que mais tarde, durante a coletiva, classificaria este como “o dia mais duro” de sua carreira como técnico profissional – torcia pelo final do primeiro tempo e pela oportunidade de tentar evitar o desastre rearrumando o time nos vestiários. E, aos trancos e barrancos, o Gigante da Colina conseguiu aguentar a pressão nos 30 minutos restantes da etapa inicial.

 

Vasco volta melhor, mas não o bastante

Na volta do intervalo, o Vasco estava ligeiramente melhor: consegui tocar a bola e ter algum pequeno controle sobre o jogo à partir do meio-campo. Mas não o suficiente para evitar os perigosos ataques dos donos da casa. Aos 25 minutos, Serginho – sempre ele –, cobrou falta e colocou a bola na cabeça do gorducho zagueiro Zenteno que, tranquilo, mandou para o fundo das redes de Martín Silva. Adepto da escola Walter de medidas, o atleta pançudinho comemorava seu segundo gol na noite. O gol salvador que levaria a decisão para os pênaltis.

Mas o Jorge Wilstermann queria decidir no tempo normal e seguiu agredindo a defesa do Cruzmaltino até que aos 38 minutos, Thiago Galhardo caiu na provocação de Serginho, arremessou a bola com força contra seu peito e foi – num excesso de rigor – expulso pelo juiz. Com um a menos, o Vasco se encolheu na defesa, colocou todo mundo atrás da linha da bola e esperou pelo final do tempo regulamentar.

A “improvável sucessão de infortúnios” se concretizou e era chegada a hora de decidir quem ficaria com a vaga na loteria dos pênaltis.

 

Brilha a estrela de Martín Silva

Martín Silva, o goleiro uruguaio e capitão do jovem Vasco que havia chegado até o duelo de ontem sem ter sofrido nenhum gol nesta Libertadores ia para a disputa dos pênaltis com 4 tentos nas costas – numa culpa dividida entre ele e o restante do time que fez, certamente, sua pior exibição no ano e, talvez, a pior se contarmos a temporada de 2017. E a estrela  do goleiro – ídolo da torcida – brilhou.

André Rios abriu as cobranças para o time brasileiro e converteu. Silva, defendeu o chute de Lucas Gaúcho. Vasco na frente. Na sequência, Pikachu e Melgar converteram: 2 a 1 para o Vasco. Desábato vai para sua cobrança, desloca o goleiro Giménez e a bola, caprichosamente, abre mais do que deveria e explode na trave. Martín Silva, gigante, defende, então, a cobrança de Meleán.

Nova rodada e Wellington faz o seu e Jorge Ortiz converte a cobrança que mantém os bolivianos vivos na disputa. Chega a vez de Rildo. O atacante, então, faz uma das piores paradinhas já vistas no futebol, se balança todo, telegrafa onde vai bater e Giménez só tem o trabalho de agradecer após defender a péssima cobrança. O brasileiro Alex Silva, zagueiro no Jorge Wilstermann, colocou a bola na marca da cal. A sorte boliviana estava em seus pés. Um gol abriria nova série de cobranças alternadas até que alguém desempatasse o placar. Mas era noite de Martín Silva. O goleiro uruguaio pulou no canto certo, evitou o gol boliviano e comemorou a classificação vascaína para o Grupo 5, ao lado de Cruzeiro, Racing e Universidad de Chile.

 

O preço da inexperiência

Pagando o preço de contar com um elenco jovem e pouco rodado – e tendo um técnico em sua segunda experiência à frente de um elenco profisisonal e não de aspirantes – o Vasco classificou-se numa daquelas raras justiças do futebol (seria um crime o time barsileiro ficar fora da fase de grupos depois dos 10 gols marcados em três jogos nas partidas anteriores). Mas as circunstâncias de sua classificação servem para acender a luz de alerta: será preciso mais concentração e mais qualidade se o time quiser ir além do Grupo 5 nesta edição da Libertadores.

 

Demais jogos de volta da 3ª fase da Copa Libertadores

Como era de se esperar, o Nacional (URU) confirmou ontem sua classificação à fase de grupos da Libertadores, mas não sem controvérsia. O Banfield da Argentina reclamou muito da arbitragem do brasileiro Sandro Meira Ricci, que expulsou o lateral Sporle aos 42 minutos, o zagueiro Civelli aos 50 e, na visão dos argentinos, não marcou um pênalti em Bertolo aos 29 – tudo isso no segundo tempo. Com o 2 a 2 construído na semana passada, o Nacional estava se classificando com o 0 a 0 em casa, mas, no final dos acréscimos, aos 49 minutos, o meia Zunino fez o gol da vitória uruguaia. O time agora completa o Grupo 6 da Libertadores, que tem Santos, Real Garcilaso e Estudiantes.

Na terça-feira, o Santa Fe já havia confrimado sua vaga no Grupo 4 (ou “grupo da morte”) que conta com Flamengo, River Plate e Emelec.

Hoje, quinta-feira, Guaraní (PAR) e Junior Barranquilla fazem o último duelo da 3ª fase da Libertadores e o nosso palpite você confere aqui.