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De volta ao Brasil, Fábio Carille é a esperança de reconstrução do Corinthians para 2019

A nova
Foto: Marco Galvão/Foto Arena/Reprodução

Ao desembarcar no Aeroporto de Guarulhos neste sábado, o técnico Fábio Carille foi recebido com festa pela Fiel e fuzilado pelos jornalistas com relação ao que se pode esperar para 2019 do Corinthians que naufragou nesta temporada após a saída do treinador – que passou os últimos sete meses no futebol árabe, comandando o Al-Wehda. Embora a torcida veja na figura de Carille uma espécie de “messias iluminado” capaz de tirar leite de pedra – afinal de contas, foram três títulos em pouco mais de um ano e meio à frente do Timão –, o treinador volta ao clube que o projetou sabendo das limitações financeiras que enfrentará e que, mais uma vez, não terá à disposição grandes reforços. Por isso o professor mantém o discurso cauteloso que marcou seu trabalho em 2017 e início de 2018 e não faz prognósticos de títulos e conquistas, mas, otimista, aposta na montagem de um time competitivo que, assim como o grupo de 2017, pode surpreender em 2019.

 

A saída do Al-Wehda

Como era de se esperar, Carille precisou falar mais sobre sua saída do Al-Wehda após cerca de sete meses de trabalho. Nada muito diferente daquilo que já havia sido divulgado por aqui veio à tona. Basicamente, o treinador retorna ao Brasil porque o clube árabe, apesar de bem equilibrado financeiramente, fica devendo em termos de estrutura profissional na comparação, por exemplo, com o próprio Corinthians. “A estrutura que está devagar ainda, estão trazendo aos poucos”, disse Carille aos repórteres ainda no aeroporto, antes de explicar que sua saída “é mais pela possibilidade da volta do que a saída por algo de errado lá”. Segundo ele, não houve atrito com a diretoria do clube árabe que dificultasse seu retorno.

 

Responsabilidade

Carille sabe que, diferente de 2017, quando era apenas uma aposta, sua nova passagem no comando do Corinthians gera uma expectativa maior por resultados – coisa que, invevitavelmente, aumenta a pressão e a responsabilidade sobre seus ombros e de sua comissão técnica que retornou antes ao Brasil e passou a última semana preparando o terreno para a retomada do trabalho. Sobre  2019, Carille disse que “a expectativa (sobre o novo ciclo) é grande, tenho que assumir a responsabilidade para fazer um 2019 maravilhoso. É o mesmo Carille de sempre, trabalhar muito, ficar 10, 12 horas no CT para ficar tudo organizado. Não tem que ser diferente, mas sei que a responsabilidade é bem maior”.

 

Montagem do elenco

Assim como fez em 2017, Carille – ciente da má-situação financeira do Corinthians – descarta grandes reforços ou nomes estrelados para compôr o elenco do clube em 2019. Ele insiste na contratação de atletas versáteis, capazes de se encaixar no seu modelo de jogo. O polivalente Ramiro, anunciado na semana passada é um exemplo deste pensamento: não é um craque, mas é um atleta de qualidade que pode jogar como volante, meia e lateral-direito mantendo em todas as funções a mesma regularidade. O atleta – que foi um pedido de Carille – deverá ser uma das principais caras do Timão em 2019.

Eficiente na marcação e bom na saída de bola, Richard é outro atleta que chega ao clube encaixando-se na política de preço/qualidade necessária no Parque São Jorge. É também um substituto de qualidade para Gabriel que poderá ser negociado no início do ano.

Sonorza, meia do Fluminense, é outro que deverá ser anunciado nesta semana. O jogador chega para aliviar a pressão em cima de Jadson na criação no meio-campo corintiano que poderá ter, em 2019, uma interessante formação com Richard, Ramiro, Sonorza e Jadson – permitindo que Matheus Vital, Araos e Pedrinho sigam como opções e vão, gradualmente, amadurecendo seu futebol sem queimarem etapas como em 2018.

Na frente, Luan, do Atlético-MG, deverá chegar em uma troca com Clayson e poderá fazer uma dupla de ataque interessante ao lado de Gustavo, o Gustagol, que retorna do Fortaleza em condições de ser uma opção aos problemas que o Timão enfrentou no comando de ataque desde a saída de Jô. Com Romero em vias de não renovar seu contrato com o Corinthians, o provável time para 2019, do meio para frente, é muito superior ao que se arrastou pelo Brasileirão em 2018.

 

Projetando o futuro

Diferente do que aconteceu em 2017 quando conhecia de longa data o elenco corintiano, Fábio Carille terá pela frente o desafio de efetivamente montar um novo Corinthians. Será, afinal, o seu vestibular para colocar de vez os pés no grupo dos principais técnicos brasileiros. Precisará devolver ao time o seu DNA adquirido com Mano Menezes, aprimorado com Tite e que se perdeu nas mãos de Osmar Loss e Jair Ventura. A defesa, antes sólida, virou motivo de preocupação. As triangulações deixaram de existir e o ataque, que não era goleador, mas cirúrgico, pouco ameaçou em 2018.

Tudo isso entrará na conta do novo ciclo de Fábio Carille no Corinthians. Se for bem sucedido na aposta da diretoria – e da torcida – e construir novamente um time vencedor com poucos recursos será o “raio que caiu duas vezes no mesmo lugar”. Mas no futebol, quando isso acontece, dá-se o nome de “talento” e não “acaso”. Carille terá a seu favor a paciência da Fiel para mostrar que tem talento e conhecimento para ser um gigante e que sua volta não é apenas um para-raios para tirar o foco dos erros da cartolagem alvinegra em 2018.