Copa Sul-Americana

Por que Santos e Palmeiras deveriam ficar de olhos bem abertos no técnico Ariel Holan?

Foto: JAVIER GONZALEZ TOLEDO/AFP/Getty Images

Hoje no Independiente, treinador é considerado um gênio na Argentina e poderia ser o profissional perfeito para conduzir equipes brasileiras em 2018    

Ariel Holan. O nome e sobrenome dizem pouco no futebol brasileiro, mas a verdade na Argentina é bem diferente. Com 57 anos, Holan é o responsável pelo ressurgimento do gigante Independiente no cenário internacional. Já fazia quase dez anos que a equipe de Avellaneda, a maior campeã da história da Libertadores, não alcançava um estágio decisivo como a semifinal da Copa Sul-Americana que vai atingir nesta terça-feira (21), quando abre o seu mata-mata contra o forte Libertad, do Paraguai, às 22h15 (de Brasília). A primeira partida será no Defensores Del Chaco, em Assunção, com o jogo decisivo ocorrendo no estádio da equipe argentina. Quem passar deste confronto vai pegar, na finalíssima, o ganhador de Júnior Barranquilla (Colômbia) e Flamengo.

 

Um profissional raro no mundo todo

Holan tem no currículo uma condição bastante inusitada no cenário do futebol mundial. Ele não é um técnico de futebol por formação. Foi no hóquei sobre a grama, modalidade bastante comum na Argentina, que ele viveu boa parte da sua vida esportiva. E sua passagem pelo esporte dos tacos e da bola menor não foi a única coisa inusitada: ele era originalmente treinador de mulheres – sob seu cargo, a seleção feminina da Argentina chegou a conquistar a medalha de bronze no Pan-Americano de Santo Domingo, realizado na República Dominicana em 2003.

Metódico e adepto do conhecimento cruzado entre as disciplinas, Holan trocou o hóquei pelo futebol em 2003 mesmo. Girou o mundo atrás de estágios e pôde aprender de perto com profissionais renomados como o argentino Daniel Passarella e o francês Raymond Domenech, ambos treinadores das seleções de seus países. Outros profissionais que ajudaram a aplacar a sede de conhecimento de Holan foram Matías Almeyda, hoje no Chivas, do México, e Jorge Burruchaga, autor do gol da Argentina campeã do mundo em 1986, que em seus tempos de técnico do Banfield recebeu Ariel também para um período de estudos.

E Ariel, como raramente costuma acontecer, mostrou que pode até mesmo superar seus mestres.

Sua chegada ao Independiente, em dezembro do ano passado, foi cercada de apreensão. Holan propunha uma série de mudanças no formato já estabelecido de se treinar uma equipe. Toda a planilha de treinamento foi revista e ele começou a usar equipamentos raros no esporte como drones e outros apetrechos que de início foram ironizados, mas depois todos se renderam aos resultados obtidos por este Independiente, que por pouco não se classificou à Libertadores de 2018 via Campeonato Argentino, e agora tem a possibilidade de alcançar a competição pela Sul-Americana que tenta conquistar nas próximas semanas.

 

E os clubes do Brasil?

Santos e Palmeiras, principalmente, poderiam olhar com carinho para a contratação de Holan para 2018 por uma simples razão. Ambos estão na Libertadores e certamente poderiam obter muitas vantagens com um técnico que desponta como o mais promissor na Argentina desde o surgimento de Marcelo Gallardo, que estreou no River Plate há três anos e desde então só não conquistou o Mundial de Clubes.

Holan é considerado um excelente profissional para lidar tanto com medalhões (bom para o Palmeiras) quanto com novatos (e para o Santos), sendo uma opção a se analisar com bastante atenção e critério no mercado de treinadores do futebol nacional.

O Palmeiras se desfez de um técnico argentino em 2014 que se revelou depois um profissional de qualidade internacional como Ricardo Gareca, que conduziu a seleção do Peru a uma Copa do Mundo pela primeira vez depois de 36 anos. O Santos precisaria recuar muito mais no tempo para olhar quando foi o seu último técnico estrangeiro: há 40 anos, quando o ex-zagueiro Ramos Delgado, também argentino, comandou a equipe nas temporadas de 1977 e 1978.

O mercado brasileiro aos poucos vem quebrando as amarras para treinadores estrangeiros: o colombiano Reinaldo Rueda no Flamengo é um exemplo a seguir. Todos saem ganhando. Os clubes contam com profissionais de vanguarda, e os adversários aprendem ao analisar de perto as equipes que fogem um pouco do padrão brasileiro de se jogar.

Para o técnico argentino, nem é preciso dizer que tal contratação passa também por uma excelente questão financeira.

Quando muito, o país vizinho paga cifras na casa de um terço do valor que é designado para os mesmos serviços no Brasil. Se um técnico de nível alto recebe cerca de R$ 700 mil no Brasil, ele recebe, no melhor dos casos, algo na casa dos R$ 250 mil na Argentina.

 

Palpite

Jogar trancado como visitante e buscar as vitórias em casa. Esta tem sido a estratégia do Independiente. É de se imaginar um 0x0 daqueles bem fechados nesta terça (21) em Assunção. A partida de volta está marcada para o próximo dia 28, no Estádio Libertadores da América, casa do Independiente, em Avellaneda, nos arredores de Buenos Aires.

 

Jogos de ida da semifinal da Copa Sul-Americana de 2017

Terça-feira, 21 de novembro

  • 22:15 – Libertad-PAR x Independiente-ARG – Palpite: Empate

Quinta-feira, 23 de novembro

  • 21:45 – Flamengo x Júnior Barranquilla – Palpite: Flamengo