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Jacaré perde no UFC e fica distante de cinturão. E agora?

Foto: Anthony Geathers/Getty Images

E o pior aconteceu. Decidido a se manter em atividade e não se render a comodidade de esperar “eternamente” por uma merecida chance pelo cinturão do UFC, Ronaldo Jacaré correu riscos, superou alguns, mas acabou sucumbindo ao fracasso no UFC Fight Night ocorrido em Kansas City (EUA). Contra o sétimo colocado no ranking dos médios, Robert Whittaker, o brasileiro não se encontrou na luta e acabou nocauteado no segundo round. Isso obviamente atrasa muito seu sonho de ser campeão do Ultimate, mas não é hora de desespero. A derrota está longe de ser o fim do mundo.

A maioria das lutas de Jacaré no UFC aconteceu contra atletas que estão atrás dele no ranking oficial dos médios. Em algumas delas foi um risco calculado, mas nos últimos tempos, especialmente contra Tim Boetsch e Robert Whittaker, o desafio serviu apenas para manter-se em atividade. E o capixaba tinha uma opinião bem fundamentada. Para ele, é possível notar que quando um lutador fica muito tempo sem lutar, ele volta diferente. Eu concordo com isso. Mas a decisão oferecia riscos, ele sabia disso e pagou. E não há tempo para abaixar a cabeça. Ele voltará mais forte.

 


Para começar, é bom lembrar a situação da categoria. Se Jacaré voltar logo a lutar e vencer, ele logo se recoloca no topo da divisão. Até porque existem exemplos de tops que perderam e não conseguiram voltar a lutar bem. Sem contar que depois de aceitar desafios arriscados, é hora de fazer seus rivais correrem riscos. E não faltam argumentos.

Se olharmos para o top 5 dos médios, vamos perceber que o caminho segue aberto para Jacaré. Começando de baixo para cima:

Chris Weidman – Desde que perdeu o cinturão do UFC, em dezembro de 2015, fez duas lutas. Perdeu as duas por nocaute. A fase é ruim e, inclusive, pode ser uma boa luta para Jacaré retomar seu lugar no topo da divisão. É uma oportunidade de se manter no topo e afundar ainda mais um possível concorrente.

Gegard Mousasi – Vive grande fase no UFC. Provavelmente, com a derrota de Jacaré, vai passar o brasileiro na próxima atualização do ranking. Ainda assim é um lutador que foi facilmente finalizado por Jacaré no octógono do UFC, em 2014. O confronto entre ambos conta com uma vitória para cada lado. Uma trilogia pode pintar num futuro próximo.

Luke Rockhold – Sumiu após a perda do título para Michael Bisping, em junho do ano passado. Depois de trabalhos como modelo – que ele garantiu ser mais lucrativo financeiramente do que lutar MMA – ele chegou a ser escalado para enfrentar Ronaldo Jacaré, mas uma lesão o tirou da disputa e parece continuar atrasando seu retorno. Não parece com pressa para voltar a lutar pelo título da divisão. Uma brecha que pode ser aproveitada.

Michael Bisping – Esse ficou longe mesmo. O atual campeão dos médios deve ter pulado de alegria com a derrota de Jacaré. Se livrou de um “problemão”, ao menos por um bom tempo. E sabe-se lá o que pode acontecer com a carreira de Bisping se ele perder para Georges Saint-Pierre na superluta que ainda nem tem data para acontecer.

Yoel Romero – Vai esperar – sabe-se até quando – por sua chance pelo cinturão dos médios. Ele já venceu Jacaré, mas em uma luta tão polêmica que se um dia for o campeão da categoria dará uma chance justa de revanche ao brasileiro. E há argumentos promocionais para tal. Muitos viram vitória do brasileiro. Sem contar que o cubano já caiu no doping, o que se acontecer de novo o tira de cena por um tempo maior do que seis meses.

Ronaldo Jacaré renovou seu contrato com o UFC por mais oito lutas. A questão é que Jacaré agora precisar tomar uma decisão. Ou ele segue lutando contra atletas do top 15 e ganhando seu salário de forma tranquila e menos desgastante, ou coloca na cabeça que vai realizar o sonho de ser campeão do UFC e muda sua postura. Existem argumentos para desafiar a maioria dos lutadores que estão à sua frente no ranking da categoria e isso pode lhe render frutos.

Aceitar a luta com Whittaker foi um erro? Não. Jacaré apenas aceitou “dançar conforme a música”. Mas se o cinturão do UFC ainda é um sonho, talvez seja hora de trocar o disco e recomeçar a festa. Afinal, o brasileiro tem 37 anos e o atual campeão não tem qualquer compromisso com o tempo.