Copa Sul-Americana

Sul-Americana: Como um técnico de hóquei fez o Independiente voltar a ser grande

Foto: AP Photo/Jorge Saenz

Atual treinador da equipe, Ariel Holan é considerado um dos maiores intelectuais do complicado futebol argentino

O Independiente está com um pé e três dedos na semifinal da Copa Sul-Americana. Depois de arrasar o Nacional do Paraguai com um 4×1 em Assunção na semana passada, a equipe agora realiza em casa o confronto de volta. Será às 20h15 (de Brasília) desta quinta-feira (2), no Estádio Libertadores da América, em Avellaneda, nos arredores de Buenos Aires. O time que conquistou a mais importante competição continental simplesmente sete vezes, não fatura nada importante desde 2010, quando bateu o Goiás nos pênaltis, ficando com a mesma Sul-Americana que agora tenta. E a retomada desses dias de glória tem nome e sobrenome: Ariel Holan, o novo treinador da equipe.

 

O “Professor Pardal” da Argentina

Holan merece destaque por apenas um item em sua admirável trajetória. Ele foi treinador de equipes femininas de hóquei na grama por 18 anos, alcançando o bronze no Pan-Americano de 2003, disputado em Caracas. Ele começou no futebol apenas aos 43 anos. Hoje aos 57, concorre com Marcelo Gallardo, do River, pelo posto de técnico do momento na Argentina.

A boa fama de Ariel vem do trabalho que realizou no ano passado no Defensa y Justicia, equipe que eliminou o São Paulo desta Sul-Americana. Famoso por inovar no hóquei, Holan segue o estilo “Professor Pardal” no futebol. Cria tecnologias e treinamentos próprios e propõe coisas incomuns. Seus times costumam treinar no próprio dia do jogo e todas as práticas são filmadas por um drone.

Tal apreço pela tecnologia o faz ser chamado de “Steve Jobs do futebol argentino”. Seu corpo técnico chega a ter 11 auxiliares. Ele mesmo foi um aplicado assistente, realizando estágios com Raymond Domenech, Matías Almeyda, Alejandro Sabella e Daniel Passarella.

A fama já rompeu as fronteiras da Argentina. O que Holan está fazendo com o Independiente é elogiado sempre por Javier Mascherano, símbolo da seleção argentina. “O que Ariel tenta é muito valioso. É uma luz que permite sonhar no futebol argentino”, diz o “Chefinho”, como Mascherano é conhecido em Buenos Aires.

“Seus times arriscam e mantêm sua identidade. Isso é o que faz uma equipe diferente. O segredo é o funcionamento e o posicionamento, não apenas a qualidade dos jogadores”, concluiu o veterano do Barcelona.

 

Racing passa por novo sufoco

Obviamente incomodado com o sucesso do vizinho Independiente, o Racing, do mesmo município de Avellaneda, está sofrendo bem mais para avançar na chave e protagonizar uma semifinal 100% argentina também da Sul-Americana: a da Libertadores já contou com duas equipes do país, River Plate e Lanús.

O Racing perdeu a partida de ida das quartas de final para o Libertad, também em Assunção, por 1×0, e agora precisa reverter o placar no Cilindro, estádio onde eliminou o Corinthians na fase anterior. A partida contra os paraguaios está marcada para as 20h15 (de Brasília) desta quarta-feira (1º).

O clube comandado por Diego Cocca é uma referência do futebol argentino “copeiro”, que conquista suas vitórias apenas no limite e ainda assim passando ao lado de algumas questões do regulamento. O sufoco que o Racing tem enfrentado não é algo previsto por estilo, e sim por suas limitações técnicas.

O grande ponto alto da equipe é o ataque, mas a referência Lisandro López está mal fisicamente durante toda a temporada. Seu corpo já não aguenta mais as batalhas vividas ao longo de carreira tão extensa, mas ele mesmo aos 34 anos é capaz de infernizar os rivais, como o Corinthians provou tão bem.

A defesa também pode ser considerada eficiente e caracterizada por um zagueiro de jogo agressivo como é o caso de Lucas Orban. Foi ele quem brigou com Lucas na decisão da Sul-Americana de 2012, entre Tigres e São Paulo. Espera-se que o Racing consiga jogar melhor nesta quarta (1º) e que os pontapés tão característicos do futebol argentino sejam descartados desta vez.

Um duelo entre Racing x Independiente pelas semifinais da Sul-Americana seria realmente histórico.  As duas equipes têm rivalidade das mais ferrenhas, e é impossível não se lembrar de outra semi argentina inesquecível pela Sul-Americana: foi a de  2014, quando o River Plate eliminou o Boca Juniors depois de empatar a ida na Bombonera por 0x0 e vencer no Monumental de Núñez por 1×0, gol de Pisculichi, que recentemente passou pelo Vitória.

 

Jogos das quartas de final da Copa Sul-Americana 2017

Quarta-feira, 1º de outubro

  • 20:15 – Racing-ARG x Libertad-PAR – Palpite: Racing
  • 21:45 – Flamengo x Fluminense – Palpite: Flamengo

Quinta-feira, 2 de novembro

  • 20:15 – Independiente-ARG x Nacional-PAR – Palpite: Independiente
  • 22:45 – Júnior Barranquilla-COL x Sport – Palpite: Empate