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Por que o maior obstáculo que José Aldo enfrenta no UFC 218 não é Max Holloway

Foto: Divulgação/UFC

Quando José Aldo entrar no octógono para enfrentar Max Holloway, neste sábado, pelo UFC 218, direto de Detroit (EUA), o brasileiro estará mais uma vez diante de seu maior rival. E não estou falando do havaiano, mas, sim, de si mesmo. Fale o que quiser falar. Mas na minha opinião o manauara ainda é o melhor do mundo no peso. Ele só precisa estar com a cabeça no lugar para executar seu jogo e fazer aquilo que sabe de melhor. Dominar seus rivais de forma agressiva e inteligente.

A revanche com Max Holloway trará respostas importantes sobre o futuro de Aldo. Para começar, vale lembrar que o havaiano nocauteou o brasileiro no terceiro round da disputa de cinturão ocorrida no UFC 212, em junho. Semanas depois, ele afirmou que reconstruiria seu caminho rumo ao topo de forma consciente, sem pressa. Ele chegou a cogitar duelos contra atletas menos expressivos da categoria e acabou fechando contrato para encarar Ricardo Lamas, vítima antiga, no UFC Canadá, dia 16 de dezembro. Mas com a baixa de Frankie Edgar do UFC 218, Aldo acabou se prontificando para “salvar” o evento e substituí-lo. Agora ele está novamente diante do carrasco e na luta pelo título. Tudo isso enquanto continua falando sobre o sonho de lutar boxe profissionalmente. Tais pontos nos levam à pergunta: o quão focado está José Aldo em sua carreira no MMA?

Isso faz a diferença. Holloway é um grande lutador, vive grande fase, é jovem, agressivo, explosivo, confiante e tem seus méritos. Mas acredito que se José Aldo lutar de forma focada, técnica e inteligente, Max não será páreo. O brasileiro é experiente, apesar de jovem, e ainda pode brilhar muito no MMA. Ele só precisa querer estar ali. O sonho com a trajetória no boxe precisa ser amenizado para que isso não atrapalhe sua missão atual: ser campeão do UFC novamente.

Não custa lembrar também que José Aldo pode ter perdido sua motivação no MMA após o capítulo “Conor McGregor”. Gravei a edição do Podcast MMA Ganhador que vai ao ar nesta quarta-feira com o amigo Marcos Luca Valentim, editor do canal Combate. Como ele bem lembra em nossa resenha, os episódios que envolveram o astro irlandês abalaram a motivação de Aldo. Mais do ter seu reinado tomado em apenas 13 segundos de forma humilhante, o brasileiro não teve a revanche imediata que merecia, e hoje, convenhamos, ele sabe que nunca mais terá a chance de encarar McGregor no UFC. Se ele não teve o crédito que merece com sua organização, que diabos ele vai continuar fazendo no evento? Vai manter a carreira até a próxima decepção? Isso tudo pode ter mexido com o brasileiro ao ponto de fazê-lo pensar com uma nova trajetória – no caso, no boxe. Não deve ser fácil, mas ele precisa exorcizar tais mágoas para poder seguir em frente.

O reencontro com Holloway vai nos trazer muitas respostas. É bom Aldo estar motivado, pois Max não é brincadeira e não vai aliviar. Que Aldo também possa usar – caso preciso – do fato de que ele pode recuperar o título dos penas, algo valioso para ele e para sua legião de fãs. Mesmo com Cris Cyborg e Amanda Nunes como campeãs da organização e representantes do país, o Brasil precisa de um nome do tamanho de José Aldo como campeão de novo. A fase dos medalhões, veteranos não anda boa, e Aldo pode representar um sopro de esperança no fim de uma temporada tão decepcionante. A vitória de Aldo tem peso.

Por fim, que Detroit (EUA), local do UFC 218, represente mais uma vez um marco na carreira de José Aldo. Em 2010, foi na mesma cidade que o manauara foi anunciado como primeiro campeão peso-pena da organização, logo depois da extinção do WEC. Lá, sete anos atrás, ele teve seu primeiro contato com o cinturão do UFC.