Brasileirão Série B

Por que o Ceará é a surpresa a ser festejada na Série B?

Ceará acesso 2017
Foto: Lucas Moraes / Cearasc.com

Vozão reafirma fama da sua fanática torcida, que agora vai poder se exibir para o mundo todo na Série A em 2018    

A Série B 2017 chegou ao seu final. Depois de 38 rodadas, América-MG, Internacional, Ceará e Paraná Clube obtiveram o acesso à Série A em uma trama de altos de baixos que teve um enorme ponto positivo: a campanha do Ceará, que impressionou pelos recordes de público.

 

Uma (outra) nação alvinegra

Não é exagero algum dizer que o Brasileirão deste ano foi pintado de preto e branco. Se o Corinthians garantiu o convincente título na Série A, foi também um alvinegro, o Ceará, o grande responsável por lotar estádios na Série B e terminar com um acesso dos mais festejados. O gigante nordestino não passava para a elite do futebol brasileiro desde 2010. Nada mais merecido para um clube que contou com três enormes públicos.

Sempre na Arena Castelão, o Ceará chegou a levar 56.006 pagantes ao estádio na partida contra o ABC. O Vozão se acostumou a jogar sempre diante de mais de 40.000 pessoas, e na Série A vai ser interessante acompanhar o que o clube vai fazer diante de times muito mais tradicionais e verdadeiramente nacionais como Flamengo e Corinthians.

A campanha do Ceará foi positiva, claro, mas superada por América-MG e Internacional. Mas no item “festa” ninguém superou a verdadeira loucura dos fanáticos pelo Vozão.

 

Um Paraná eficiente como nos melhores tempos

Fundado apenas em 1989, o Paraná atingiu neste ano a sua volta à Série A depois de exatamente uma década. O clube não integrava a elite desde 2007, quando disputou até a Libertadores da América.

Sempre com os pés no chão e armando um time que conseguiu um raro equilíbrio entre os zagueiros e os atacantes, o Paraná obteve a quarta e última vaga de acesso com louvor. Terminou com um saldo de 21 gols positivos, o suficiente para deixar os demais consideravelmente distantes. Quinto colocado, o Londrina terminou com dois pontos a menos.

A campanha do Paraná teve um enorme ponto alto: o desempenho da equipe em Curitiba, o melhor de todos os mandantes da Série B. Lá atrás, nos anos 1990 e 2000, o clube fez partidas muito parelhas com os gigantes do Brasil na Vila Capanema. É esta atração que estará de volta à elite no ano que vem.

 

América-MG e Inter terminam com gosto de ressaca

Os dois primeiros colocados na Série B deste ano festejaram, óbvio, o acesso, mas tanto o campeão América-MG como o gigante – e vice- Internacional tiveram mais razões para ficar aliviados com o fim do que necessariamente felizes pelo desempenho obtido.

O América-MG sentiu um pouco do gosto de “mais do mesmo” porque o simpático clube de Belo Horizonte quer deixar de ser o que na gíria do futebol se conhece como “clube elevador”, aquele que fica perambulando pelas diferentes categorias ao longo dos anos. É isso o que o América-MG tentará mudar a partir de 2018.

Na década de 2010, o Coelho jamais passou duas temporadas seguidas na Série A. O time disputou a Série B em seis temporadas, integrando a elite somente em 2011 e 2016. Mas há, de fato, uma aprovação à equipe pelo seguinte fato: o América não terminava a Série B como campeão desde 1997.

Já o Internacional ficou com o sentimento de “não ter feito mais que a obrigação”.

O Colorado derrapou demais durante o campeonato. Chegou a dar sinais de que seria campeão e terminar alavancado à Série A com uma campanha irresistível, mas o time não correspondeu nos momentos decisivos, como comprovou a segunda colocação.

A nota positiva vai para os jogadores, que souberam dar a volta por cima. A diretoria não colaborou. A troca de técnicos durante o campeonato contribuiu demais para as oscilações demonstradas.

O mais curioso na trajetória colorada é perceber que o time está de volta à elite, mas vai precisar realmente analisar bem a sua situação. A primeira reflexão será sobre seu comandante. O Inter ainda está à procura de um técnico, e é bem provável que Abel Braga seja de novo o escolhido para conduzir a equipe.

A segunda ponderação vem do que será capaz de entregar o atual capitão da equipe, o argentino Andrés D’Alessandro.

Com 36 anos, ele é uma verdadeira lenda colorada, mas seu presente não é dos mais produtivos. Tanto é assim que há uma indefinição sobre sua permanência no clube ou não. Sem técnico e sem o seu capitão confirmado. É esta turbulência de 2017 que o Internacional vai precisar resolver o quanto antes para ter um 2018 menos complicado.