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Por que Daniel Cormier é um campeão legítimo mesmo sem vencer Jones no UFC

Foto: Divulgação/UFC

O doping de Jon Jones foi confirmado – como esperado – e a contraprova do exame feito na véspera do UFC 214, quando nocauteou Daniel Cormier no terceiro round, veio positiva para o uso de turinabol, esteroide usado para ganho de massa muscular e proibido pela Usada (Agência Antidoping dos Estados Unidos). Com isso, o americano foi mais uma vez destituído do posto de campeão, perdeu o cinturão e viu assim Cormier, seu maior rival, novamente assumir o posto que seria seu caso ele não fizesse tanta besteira. Ou não… O novo caso de doping de Jones reforça uma dúvida a respeito da “pureza” de sua trajetória no esporte e o mais importante: essa dúvida gera a certeza de que Cormier e, sim, um campeão legítimo do UFC.

Sim, ele enfrentou Jon Jones por duas vezes – e perdeu em ambas. Mas também nas duas vezes Jones foi flagrado no doping. Na primeira vez, não foi exatamente “em período de competição” que ele foi flagrado sob o uso de cocaína. Mas também naquela época foi divulgado que a comissão não testava para drogas recreativas próximo á luta. Eu nunca usei cocaína para saber seus efeitos, mas certamente tem alguma influência relacionada a coragem, efeitos anestésicos, força… E mesmo que Jones não estivesse dopado naquele UFC 182. O fato é que ele se dopou antes da revanche. E por mais brilhante que seu nocaute tenha sido contra Cormier, quando se entende que ele poderia estar sob algum efeito da substância consumida, isso tira sua legitimidade. E pior: coloca uma dúvida na cabeça de todo fã de lutas. Será que Jones se dopou durante toda a carreira? Qual seria o resultado da luta no UFC 214 se ele não estivesse dopado?

Vale lembrar que quando enfrentou Ovince St. Preux, em abril do ano passado, após seu primeiro gancho por doping, Jones não teve uma apresentação nem perto da que ele estava acostumado a apresentar. Na ocasião, ele não caiu no doping. Ele também não caiu em nenhum das 16 lutas anteriores no UFC, mas é preciso lembrar que o programa antidoping junto a Usada não havia sido implantado. Ele entrou em vigor em julho de 2015, meses depois do primeiro doping de Jones, por uso de cocaína.

Ao todo, foram três envolvimentos de Jones em casos de doping. No primeiro, em janeiro de 2015, ele foi flagrado sob o uso de cocaína fora do período de competição. No ano passado, em julho, dias antes de sua revanche com Daniel Cormier, Jon teve anunciado o flagra no doping por duas substâncias normalmente usadas para bloquearem os efeitos colaterais causados pelo doping. Após superar duas suspensões nesse tempo, o americano voltou, venceu Cormier, mas acabou flagrado pela terceira vez. Isso sem contar com as inúmeras polêmicas nas quais se envolveu fora do esporte. Diante desse perfil, é (muito) difícil acreditar que ele seja inocente. E exatamente por isso Cormier deve ser reconhecido como campeão.

Cormier lutou limpo, não caiu no doping e, apesar da derrota, não tentou trapacear. Será que ele seria derrotado diante de um adversário “limpo”? Nunca vamos saber. Mas o que sabemos hoje é que Jon Jones colocou seu brilhante legado em risco e em questão. E exatamente por isso devemos pensar: vamos mesmo exaltar um atleta que possivelmente enganou o mundo se dopando durante anos? Eu prefiro exaltar a postura de Daniel Cormier, que sempre se mostrou um perfeito exemplo de atleta e representante do esporte.