Eliminatórias da Copa do Mundo 2018

Pelo bem do futebol, não quero imaginar uma Copa do Mundo sem Messi

Foto: AFP/EITAN ABRAMOVICH

Cheia de talentos mas sem um time e com apenas 16 gols marcados em 17 jogos, a Argentina vem se arrastanto pelas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo da Rússia – 2018. Corre, hoje, um risco real de ficar fora do evento principal nos jardins de Putin. Ninguém merece acompanhar uma Copa do Mundo sem um dos (se não “o”) melhores jogadores de futebol do mundo. Ou melhor: meu parceiro de Ganhador, Miguel Gonzalez, que caiu de amores pelo “futebol de resultados inesperados” equatoriano – muito bem representado pelo Barcelona de Guayaquil –, merece. O consumo exagerado de Locro de Papa prejudicou o juízo do rapaz que acredita que alguns meses tirando onda dos argentinos compensa o preço de não ver Aguero, Dybala e DiMaria na Rússia. Mas ele é minoria e eu confio mais em Messi e seus Blues Boys.

 

Tem que vencer

Sim. A Seleção Argentina precisa fazer no Equador o que não conseguiu em La Bombonera: vencer! Quando todo mundo esperava um massacre pra cima de Guerrero e seus parças, nossos hermanos fizeram aquilo que melhor têm feito nestas eliminatórias: perderam gols de todos os tipos e jeitos em quantidades pornográficas. F*#$ram tanto com a expectativa da torcida que os melhores momentos poderiam muito bem serem exibidos em algum site de vídeos adultos.

Apesar de talentosa, a Argentina é incapaz e fazer gols. Contra fatos não há argumentos. Não importa a formação que se use do meio pra frente, o gol segue sendo uma “terra desconhecida” – sem Aguero, então, o bicho pega de vez (ainda mais porque Higuaín não foi chamado por Jorge Sampaoli). Na partida de logo mais, não haverá brecha para erros. A vitória, no pior cenário possível, coloca a Argentina na repescagem; o empate também. Uma derrota é game-over com direito a rodízio de ancho e cervejada na casa do Miguel Gonzalez.

Está na hora dos hermanos ressuscitarem sua gloriosa escola de futvôlei – onde o gol de mão é válido e que tem no brasileiro Jô seu grande representante moderno. Vale (quase) tudo para ir à Rússia.

 

O lado de lá

É claro que para o Sul-Americano, tirar da Argentina a possibilidade de disputar mais uma Copa do Mundo é um prêmio glorioso. A Seleção do Equador é bem “marromeno”; está eliminada da Copa – depois de um bom começo no primeiro turno das eliminatórias – e joga diante de sua torcida (se ela for até o estádio) para cumprir tabela. Estivesse do outro lado uma equipe qualquer, era até capaz deles chutarem o balde e mandarem a seleção dente de leite pro jogo. Mas como se trata da Argentina, o treinador nem vai precisar fazer discurso motivacional na preleção: vai fixar uma foto do Maradona no quadro negro e deixar rolando uma playlist com os melhores tangos de Astor Piazolla no fundo. Poucas coisas são mais irritantes do que 45 minutos de Maradona e Piazolla – tire Maradona da equação e Piazolla se sai muito bem, obrigado.

Os donos da casa vão entrar em campo querendo mostrar para sua torcida que têm valor, sim; que não ir à Copa foi um acidente de percurso provocando pela bagunça que, inexplicavelmente, tomou conta da seleção nacional (vinham, como eu disse, conseguindo bons resultados) e que estarão fortes para a Copa America de 2019. Não será, de maneira alguma, uma parada fácil para os garotos de Jorge Sampaoli.

 

E o lado de cá

Como desgraça pouca é bobagem, a Argentina ainda precisa da ajuda do Brasil para tornar sua vida mais fácil. É… a ajuda do mesmo Brasil que teve que aguentar o “Argentina, díme cómo se siente?…” em 2014 – e como diria o He-Man, “na história de hoje aprendemos que não se deve cuspir na sala do seu anfitrião porque você pode precisar dele”.

Classificada em primeiro lugar nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo, a Seleção Brasileira não tem nenhum grande motivo para entrar com tudo jogo de hoje contra o Chile. Ou melhor, não teria. Mas quem tem Tite no comando, sempre joga sério. Fará testes, sim – Ederson no gol e Alex Sandro na lateral-esquerda – mas jamais permitirá que isso deixe qualquer dúvida sobre a vontade do seu time em buscar a vitória. Principalmente em casa, diante do público chato de São Paulo – que começa a reclamar da seleção já no aquecimento antes do jogo começar.

De jeito nenhum. A seleção vai jogar sério. E jogando sério, é mais time que o Chile e vence a partida. Mesmo com Miguel gritando “entrega, entrega!” para a TV. Felizmente, para a Copa do Mundo, isto ajuda a Argentina.

 

Resumo da ópera

Mais do que se preocupar com os resultados de “A”, “B”, ou “C”, a Argentina tem que fazer a sua parte – que não fez desde que começaram as eliminatórias. Precisa vencer. É bom para o futebol e bom para a Copa do Mundo.

Analisando apenas o espetáculo, uma Copa do Mundo sem Messi e sem Cristiano Ronaldo – sim, Portugal também não está 100% garantida – perde muito do seu brilho. Claro, sobrariam-nos Suarez, Neymar… mas é pouco. Copa do Mundo tem que ter os melhores. Copa do Mundo tem que ter a Seleção Argentina saindo na frente e seus jogadores caindo no chão urrando de dor até mesmo quando espirram – porque quando a Argentina está na frente no placar, tudo dói, tudo serve pra gastar o tempo.

E principalmente porque esta deve ser a última chance de Messi brilhar pela seleção. Não acredito que ele chegará com todo o gás em mais uma Copa aos 35 anos e o mundo merece ver a sua genialidade no auge em uma Copa do Mundo e não apenas com a camisa do Barcelona.

 

Histórico do duelo

Foram 33 partidas entre Equador e Argentina ao longo da história com 18 vitórias dos hermanos churrasqueiros contra apenas 5 dos equatorianos e 10 empates. Pelas eliminatórias para a Copa de 2018, no primeiro turno, quando ainda estava “tocando o terror” e jogando um surpreendente bom futebol, a Seleção do Equador aplicou um duro 2 a 0 na Argentina. Hoje é o dia do troco.

 

Prognóstico

O jogo vai ser duro. Pressionada, a Argentina deve errar mais do que vem errando normalmente (o que não é pouco!). Vai ter sufoco até o final, mas, mesmo assim, a equipe visitante vence por um placar magro (1 a 0, talvez 2 a 1), crava a primeira vitória sobre o comando de Jorge Sampaoli nas eliminatórias (foram 3 empates em 3 jogos até aqui), e conquista o direito de ir brincar na neve em 2018. Para alegria do futebol e desespero de Miguel Gonzalez.

 

18ª Rodada das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2018

Terça-feira, 10 de outubro:

  • 20h30: Brasil x Chile – palpite: Brasil.
  • 20h30: Equador x Argentina – palpite: Argentina.
  • 20h30: Paraguai x Venezuela – palpite: Paraguai.
  • 20h30: Peru x Colômbia – palpite: Peru.
  • 20h30: Uruguai x Bolívia – palpite: Uruguai.

 

Classificação das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2018

  1. Brasil, 38 – Fase Final Rússia 2018.
  2. Uruguai, 28 – Fase Final Rússia 2018.
  3.  Chile, 26 – Fase Final Rússia 2018.
  4. Colômbia, 26 – Fase Final Rússia 2018.
  5. Peru, 25 – Repescagem.
  6. Argentina, 25
  7. Paraguai, 24
  8. Equador, 20
  9. Bolívia, 14
  10. Venezuela, 9