Humor

Paixão Nacional: Muita calma nesta hora

O torcedor do Corinthians não consegue segurar a empolgação. Seu time lidera o Campeonato Brasileiro, com 10 pontos de vantagem sobre o segundo colocado – o Grêmio –, está invicto há 27 jogos, tem o segundo melhor ataque do torneio e a melhor defesa. Não é pouca coisa.

Mas, será que não está cedo demais para tanta euforia?

Vamos focar nossa rápida análise apenas nos times que realmente têm chances de alcançar o Corinthians: Grêmio, Flamengo e Santos. Com uma diferença de 17 pontos – sei que os torcedores vão espernear mais que o Dudu e peço desculpas por isso, mas a matemática é cruel – o Palmeiras já jogou a toalha no Brasileirão e briga pelo G-6 (com chances de G-4) e mais nada.

 

Flamengo

O Flamengo tem um elenco cheio de estrelas e craques – e pode ainda contar em breve com o goleiro selecionável Diego Costa. Investiu muito mas ainda não tem conjunto; não tem um time e faz jogos brilhantes seguidos de apresentações medíocres. Os fãs – e o clube – dizem que é um time em formação e que quando encaixar vai disparar rumo ao título do Brasileirão. Será? Chegamos ao meio de julho, faltando 5 rodadas para o fim do primeiro turno e o Flamengo ainda “está em formação”. Se o planejamento for para 2018, o time da Gávea está no caminho certo e vai ganhar tudo no ano que vem – se mantiver a estrutura atual. Agora, se o planejamento é pra 2017, me desculpem amiguinhos, mas vocês estão fazendo isso do jeito errado.

Com 12 pontos atrás do Corinthians, o Flamengo precisa ganhar tudo daqui pra frente e contar com uma improvável sequência desastrosa do Timão – que não aconteceu em nenhum momento na temporada até aqui –, para poder sonhar com o título.

É muita coisa para um time que não fez nenhuma apresentação à altura de seu elenco nesta temporada.

 

Santos

Com a chegada de Levir Culpi, o Santos recuperou uma pequena parte de seu bom futebol – que lhe deu o vice-campeonato Brasileiro em 2016 – mas ainda está longe de empolgar ou de ter o mesmo desempenho do ano passado. Com os mesmos 12 pontos que o Flamengo atrás do Corinthians, é o time que, na minha opinião – e por tudo que apresentou na temporada até aqui –, tem menos chances de alcançar o líder.

Vai lutar para se manter no G-6 com chances de G-4, sempre de olho em Sport, Cruzeiro, Palmeiras e Botafogo, seus concorrentes diretos.

 

Grêmio

Renato Gaúcho decretou, após o 1 a 0 pra cima do Flamengo na última quinta-feira: o Corinthians vai despencar! Não é a primeira vez que o falastrão – e divertidíssimo, no bom sentido – técnico tricolor faz uma declaração “bombástica”. Renato fez isso em toda a sua carreira como jogador e, depois, como técnico. É dele. Uma lufada de ar fresco dos tempos em que o futebol era mais divertido com provocações bem-humoradas e personagens de grande personalidade. Felizmente, o técnico Renato Gaúcho evoluiu na parte tática, mas continua com a mesma língua afiada de sempre.

E sua declaração não está de todo errada. É evidente que o Corinthians vai perder e que Grêmio e Flamengo têm mais condições de melhorar seu desempenho do que o Timão que – ao que tudo indica – chegou ao seu ápice. Mas daí a “despencar” são outros quinhentos.

O Grêmio cometeu 3 erros em sua temporada até aqui: um por culpa da escolha do técnico (derrota por 4 a 3 para o Sport), um por mérito do adversário (derrota para o Corinthians por 1 a 0) e um por incompetência (derrota de 2 a 0 para o Avaí). Por outro lado, o Corinthinas, com dois empates e 11 vitórias, ainda não errou no Brasileirão.

Uma derrota aqui, um empate ali, irão acontecer. Mas será que o time “que não toma gol” e “que não perde” vai mesmo emendar uma sequência tão desastrosa a ponto de permitir que o Grêmio desconte os 10 pontos que os separam? E mais: será possível que Flamengo, Santos e o próprio Grêmio não tropecem mais daqui até o final do campeonato? Pouco provável.

 

Líder desfalcado

De todo modo, o Corinthians enfrenta hoje, à partir das 19 horas, o bagunçado Atlético-PR no cenário que muitos apostam ser o que fará o líder perder pontos: sem três titulares. Com Pablo, contundido, e Rodriguinho e Guilherme Arana suspensos, o Timão precisará recorrer ao seu banco de reservas para manter o desempenho.

Defensores ferrenhos dos outros candidatos ao título enchem o peito de esperança ao dizerem que o Corinthians não tem elenco e que quando não puder contar com os titulares, vai cair de produção. Mas se esquecem de que, no duelo em que usou mais reservas (6 ao todo, contando com as substituições), o Timão goleou o Vasco em São Januário por 5 a 2.

Hoje veremos se o líder “tem banco” ou não. O Robin ali em cima espera que, sim.