Humor

Paixão Nacional: Estamos comprando (e vendendo)!

Todo ano é a mesma coisa – e a mesma ladainha: “faremos o possível para segurarmos os nossos jogadores durante a janela de transferências internacionais”. O problema é que os clubes brasileiros são administrados como se fossem balcões de “compra e venda” ou atacadistas que não se importam de também vender no varejo (o importante é manter a registradora “cantando”). Os clubes europeus, mais sérios e que disputam campeonatos melhores organizados – e, portanto, infinitamente mais lucrativos – aportam no Brasil com seus carrinhos de compras, cartões de crédito “black” e apenas vão derrubando pra dentro da sacola tudo aquilo que acham interessante nas “prateleiras” do Brasileirão. E agora há também o “assédio” dos clubes chineses – que até poucos anos atrás causavam risos e hoje apavoram até mesmo os grandes da Europa (e nem assim, o Brasil aprende a fazer campeonatos que gerem receita “de verdade”).

No ano passado, a maior vítima da “janela” foi o Corinthians que perdeu a “espinha dorsal” de seu time e, junto com ela, o rumo na temporada – que ainda viu as passagens-relâmpago de Cristovão Borges e Osvaldo de Oliveira pelo comando do time. Hoje, com um elenco pouco reforçado em relação ao do ano passado e dando tranquilidade ao técnico novato – mas que conhece o grupo como poucos –, o Timão tem uma folga de 7 pontos na liderança do Brasileirão e faz o que pode para se “blindar” e não perder seus principais jogadores – algo que, todos nós sabemos, será inevitável.

Mas, neste ano, quem está sendo “pilhado” implacavelmente é o São Paulo. E nem precisou da janela internacional. Desde o início da temporada o clube vende seus talentos e recompõe o grupo com atletas de qualidade inferior aos que foram negociados. Rogério Ceni – com todos os erros evidentes que mostrou durante sua passagem como técnico do Tricolor – não pode ser reponsabilizado pelos erros da diretoria. Até a semana passada o São Paulo seguia comprando e vendendo jogadores. Ceni trabalhou com um grupo durante a Florida Cup e teve um outro totalmente diferente – e ainda em processo de montagem – à sua disposição durante o Campeonato Brasileiro.

O trabalho, para gerar frutos, precisa de tempo e constância. Montar e desmontar elencos durante as competições não é o modo mais inteligente de se trabalhar e, depois, cobrar resultados dos técnicos. Que o torcedor ainda não entenda isso, é aceitável; mas diretores que assinam compras e vendas já deveriam saber, há muito tempo, que existe “administração” e existe “o jeito como fazemos as coisas no Brasil”.

Claro que apenas um dos dois funciona.