Humor

Paixão Nacional: a Taça de Schrödinger

O Campeonato Brasileiro da Série B termina neste sábado e a disputa pelo título segue aberta entre América-MG (70 pontos) e Internacional (68 pontos) que enfrentam respectivamente, à partir das 17:30, CRB e Guarani. Para não correr o risco de estragar a festa de alguém, a Diretoria de Competições da CBF providenciou a confecção de duas taças idênticas: uma será levada a Belo Horizonte e a outra a Porto Alegre. Uma das duas será entregue ao campeão que dará a volta olímpica feliz da vida diante de sua torcida. Mas não vai ser assim tão simples.

O América precisa de uma vitória para levar o título. Se empatar ou perder, torce para que o Inter não derrote o desesperado Guarani – que pode cair para a Série C em caso de derrota. O Colorado por sua vez precisa vencer e torcer para que a equipe mineira não vença. Agora, imagine a desgraça feita com o seguinte cenário:

Termina o jogo no Horto. O América não passou de um empate. Como o Gato de Schrödinger, pode ou não ser campeão porque o jogo em Porto Alegre também segue empatado. Mas, como houveram interrupções e atrasos, há um acréscimo de 5 minutos no tempo em relação ao jogo em Minas. Faltando menos de um minuto para o fim da partida do Inter, começam a montar o cenário para a entrega do troféu para o América. O estádio solta o grito de “é, campeão”, fogos explodem, uma das taças vai chegando ao gramado e então… gol do Inter!

Para tudo! Esconde a taça, chega de cantoria, nada de fogos. Tragam o troféu do vice! Como assim “não fizemos duas taças de vice-campeão”?

Imagine a frustração que se abaterá em Minas ou em Porto Alegre, ao final dos 90 minutos dos jogos no próximo sábado. Sentir a taça ali, tão perto e, de repente – talvez até com requintes de crueldade como narrei acima – vê-la ir embora com certo ar de deboche.

Na frieza dos fatos, fazer duas taças é a solução óbvia e racional. Mas futebol é paixão e não deixa de ser cruel saber que no estádio há uma taça que pode ou não ser sua.