Fórmula 1

Felipe Massa dá adeus à Fórmula 1 neste domingo – e vamos, sim, sentir sua falta

Foto: NELSON ALMEIDA/AFP/Getty Images

Companheiro de gênios como Fernando Alonso e Michael Schumacher, Massa foi um digno representante do país na F-1

Com o título já definido em favor de Lewis Hamilton, a Fórmula 1 chega ao fim da temporada 2017 neste final de semana, com a disputa da 20ª etapa do campeonato, o GP de Abu Dhabi, no circuito de Yas Marina. Se a prova conta com poucas atrações da competição em si, ela promete uma carga toda especial de emoção para o público brasileiro pelo adeus de Felipe Massa à Fórmula 1. Que ninguém entre na vala comum do ódio e da agressividade das redes sociais: a carreira de Massa foi sensacional e merece todo o nosso respeito. Sua presença na categoria foi um presente a todos os que gostam de corridas.

 

Um digno integrante da elite por 15 anos

O que você estava fazendo 15 anos atrás? Tente lembrar. Felipe Massa talvez não precise. Ele já estava na Fórmula 1. Massa estreou na categoria com 21 anos. Hoje aos 36, e com impressionantes 271 GPs disputados, encerra este ciclo em sua vida.

Massa transformar o pouco que teve em muito. Sua carreira sempre foi marcada pelo sacrifício. Sem dinheiro para cumprir as categorias de base na Europa, Felipe foi se virando da maneira como dava – premiações de patrocinadores, como engradados de cerveja, logo eram vendidos e usados para bancar gastos básicos como comida e moradia. O sufoco terminou quando ele alcançou a Fórmula 1. Seus resultados foram tão positivos que ele logo foi contratado pela Ferrari. Ser “piloto Ferrari” é uma chancela de capacidade em qualquer período da história. E foi nesta situação que Massa percorreu 11 temporadas – três como piloto emprestado à Sauber e oito como profissional da Scuderia de Maranello.

A Massa só faltou mesmo conquistar um título, embora ele possa ser visto tranquilamente como um piloto de nível de campeão mundial, pois sua temporada de 2008 foi tão boa quanto a do inglês Lewis Hamilton, que ficou com aquele campeonato depois de uma dramática decisão na chuva no Brasil.

Felipe deu o azar de sofrer uma quebra de motor no final do GP da Hungria, quando era líder tranquilo, e nada pôde fazer também no erro da Ferrari em um pit-stop no GP de Cingapura, jogando fora também outra eventual vitória. Mesmo com esses 20 pontos a menos, Massa, incrível, só perdeu a taça na última curva.

 

E agora, Brasil?

Felipe deixou a Ferrari e está na Williams desde 2014. Sem um carro competitivo, conseguiu resultados interessantes como uma pole-position no GP da Áustria de 2014 e pódios como o segundo lugar no GP de Abu Dhabi do mesmo ano. Seus últimos pódios foram obtidos em 2015, nos GPs da Áustria e Itália.

A sensação de perda de Massa na Fórmula 1 vai ficar muito mais pela sua figura do que pelos seus resultados nos últimos anos. Sempre muito bem relacionado com todos, ele se transformou na fase final da carreira em um inigualável decifrador dos bastidores da F-1. Com a maturidade dos 36 anos, soube se portar e emitir boas opiniões como um piloto que foi parceiro de gênios como Fernando Alonso e Michael Schumacher e outros campeões mundiais como Jacques Villeneuve e Kimi Raikkonen. É um pouco deste status de “confidente” que o Brasil deixa de ter na categoria.

O futuro do país na Fórmula 1 é realmente digno de apreensão. Não há pilotos nas divisões de base que possam ser vistos com facilidade na principal categoria do esporte a motor.

Uma das promessas brasileiras que surgem com possibilidade de vingar é Pietro Fittipaldi, neto de Emerson Fittipaldi, que acaba de ganhar a temporada da World Series, uma categoria que está para ser extinta e que não faz parte do caminho clássico para se atingir a Fórmula 1. Pietro por enquanto é exatamente isso: uma promessa, não alguém consolidado em quem se deve apostar ou pressionar o que seja.

Enquanto isso, a Fórmula 1 vai passar por um considerável teste de popularidade no Brasil em 2017. Será a primeira vez desde 1970 que a temporada não começa com um piloto brasileiro no grid. Não é para se desesperar. Tampouco para cruzar os braços e se conformar. A tradição verde-amarela no esporte sempre vai merecer novas aceleradas.

 

20ª etapa do Mundial de Fórmula 1 2017 – GP de Abu Dhabi

Sexta-feira, 24 de novembro

  • 07:00 – Treino livre 1
  • 11:00 – Treino livre 1

Sábado, 25 de novembro

  • 09:00 – Treino livre 3
  • 11:00 – Treino classificatório

Domingo, 26 de novembro

  • 11:00 – Largada (55 voltas no circuito de Yas Marina)