Copa do Mundo Rússia 2018

Culpado ou inocente? Paolo Guerrero luta contra o tempo para disputar Copa do Mundo na Rússia

Foto: Buda Mendes/Getty Images

Pego no exame antidoping pelo consumo de benzoilecgonina, peruano irá recorrer a todas as instâncias da Fifa visando provar sua inocência

A felicidade do Peru pelo fim do jejum de 36 anos sem disputar uma Copa do Mundo contrasta com a bomba que caiu sobre a seleção neste fim de 2017, quando a maior estrela do país testou positivo no exame antidoping. Paolo Guerrero falou e se defendeu, mas nada mudou a decisão da Fifa até agora, que após julgamento em primeira instância puniu o goleador do Flamengo por um ano. Ainda tendo uma luz no fim do túnel, o jogador corre contra o tempo para provar sua inocência, mas será que vai conseguir? Ou melhor, será absolvido e vai jogar o Mundial de 2018 na Rússia? Confira um resumo do caso que chocou os nossos vizinhos às vésperas do torneio de seleções mais importante do planeta.

 

Entendendo o caso

Principal nome do Flamengo e da seleção peruana na atualidade, Paolo Guerrero teve um verdadeiro baque em sua brilhante carreira ao testar positivo no exame antidoping após o duelo contra a Argentina pelas Eliminatórias Sul-Americanas em outubro passado, que terminou em 0x0 em território albiceleste. O atleta teve a substância benzoilecgonina, um dos componentes da cocaína e também da folha de coca, que é normalmente utilizada em chás em países da América do Sul, encontrada em sua urina.

Suspenso provisoriamente logo depois da divulgação do teste – 3 de novembro -, o atacante peruano enfrentou sua primeira batalha no dia 30 do mesmo mês, em um julgamento em Zurique, na Suíça. Por quatro horas sua defesa tentou – e conseguiu – desqualificar o uso de cocaína, que neste caso previa punição de quatro anos, e revelou a possibilidade de seu cliente ter consumido um chá contaminado pelo estimulante durante sua passagem pelo país argentino, quando na véspera do confronto com os donos da casa tentava curar-se de uma gripe. Guerrero e seus advogados até saíram confiantes por uma absolvição, mas fato é que dias depois o craque peruano teve sua punição de um ano declarada.

Lutando por sua inocência, o jogador deve brigar em todas as instâncias, a começar pela reconsideração de sua pena no Comitê de Apelação da Fifa. Caso não tenha sua sentença revista até o fim do ano, os advogados do atleta, que inclui o espanhol Juan de Dios Crespo, um dos responsáveis pela diminuição da pena de Lionel Messi nas Eliminatórias, devem se submeter ao CAS (Corte Arbitral do Esporte, na sigla em inglês). Neste caso, o resultado da apelação sairia até o fim de fevereiro em razão do caso de urgência.

 

Teoria da conspiração?

Em meio à luta de Guerrero para provar sua inocência, tem surgido um “zum zum” sobre a possibilidade de a Argentina ter “sabotado” o peruano às vésperas do confronto em La Bombonera. Com os argentinos em maus lençóis nas Eliminatórias – a equipe albiceleste estava fora da zona de classificação para a Copa do Mundo antes do jogo contra o Peru – naquele período, a “teoria da conspiração” sugere uma “contribuição” hermana no chá tomado pelo peruano durante sua estada em um hotel em Buenos Aires. E como sabemos, não seria a primeira vez que nossos vizinhos jogariam sujo, não é Branco?

 

Situação com o Flamengo

Apesar de o Flamengo estar dando apoio total a Guerrero, o clube brasileiro está em um dilema em relação ao contrato do atleta. A começar pelo fato do peruano ter vínculo até agosto de 2018. Depois de ter iniciado conversas para extensão do vínculo, os rubro-negros pararam a negociação em meio ao caso de doping.

Outra questão é a possibilidade de o Mengão suspender o contrato de jogador, que é considerado um dos mais caros do elenco, caso ele não tenha a pena revertida ou diminuída em todas as instâncias possíveis. A Lei Pelé – artigo 28, inciso 7, da Lei nº 9.615 – prevê a suspensão de contrato por período indeterminado em “decorrência de ato ou evento de exclusiva responsabilidade do atleta profissional”.

 

Peru na Copa

Com Guerrero fora da Copa do Mundo pelo menos momentaneamente, o Peru terá que encontrar forças para fazer frente aos seus adversários, em um grupo considerado bastante difícil. A seleção bicolor está na chave C, que conta com a França, recheada de jovens talentos, como Pogba e Griezmann; a imprevisível Austrália, do experiente goleador Tim Cahill; e a Dinamarca, de Bendtner.

Para encarar de igual para igual seus rivais, os peruanos devem depositar todas as suas fichas em Farfan, que desde sua bela exibição no embate que deu a classificação ao seu país em Lima, tem atuado em grande nível. O experiente jogador de 33 anos é uma das estrelas do Lokomotiv Moscou, atual líder isolado do Campeonato Russo.