Copa do Rei

Crise política agrava racha entre Real e Barcelona e torna a Copa do Rei ainda mais importante

Foto: Denis Doyle/Getty Images

Sem conquistá-la desde 2014, Cristiano Ronaldo, Zidane e companhia traçam a competição como uma das grandes metas da temporada 

País de ânimos sempre exaltados, a Espanha vive dias bastante nebulosos com a violenta repressão ao referendo separatista na Catalunha. Tal situação se vê também nos estádios de futebol. Enquanto o Barcelona levou adiante a polêmica iniciativa de jogar com portões fechados neste domingo mesmo enquanto a cidade ardia em agressões, o Real Madrid contou com diversas manifestações em suas arquibancadas lotadas contra o plebiscito catalão em favor da união espanhola.

E tudo isso deve explodir na sequência do Campeonato Espanhol e principalmente na Copa do Rei, mata-mata que é disputado no país desde 1903 e que dá ao campeão, até hoje, um status de soberania perante seus rivais.

 

Barcelona exibe domínio recente

Que o Real Madrid é o clube mais vitorioso da Espanha, ninguém discute. São, para ficar em apenas uma competição, 12 títulos de Liga dos Campeões, enquanto o Barcelona possui “apenas” cinco.

Mas tal hierarquia não se vê no cenário nacional quando o assunto é a aristocrática Copa do Rei. O Barcelona é o atual tricampeão da competição e soma 29 conquistas, enquanto o Real não aparece nem perto: tem 19 taças.

E o que é mais drástico, o time de Cristiano Ronaldo sequer chegou às finais nos últimos anos. Os três títulos recentes do Barcelona foram obtidos em cima de Athletic Bilbao (2015), Sevilla (2016) e Alavés (2017). A última conquista do Real Madrid foi em 2014, quando bateu o Barcelona na última vez em que os dois chegaram à decisão: a finalíssima terminou 2×1, gols de Di María e Bale, para o Real, e Bartra, para o Barça.

Nada, porém, que coloque em xeque a brilhante fase do clube merengue – mas eis uma pendência que sua orgulhosa torcida quer tomar das mãos dos fanáticos pelo Barça o mais cedo possível.

 

Uma taça que ganha importância em Madri

Campeão de absolutamente tudo e precisando renovar seus desafios, o Real Madrid fala abertamente que faturar a Copa do Rei é uma de suas prioridades para esta temporada. A equipe merengue detém os títulos da Liga dos Campeões, do Mundial de Clubes e do Campeonato Espanhol, enquanto vê o Barcelona se complicar cada vez mais para alcançá-lo.

Enquanto o Real mantém os seus craques e aplaude a incrível saga de um Cristiano Ronaldo que parece não decair jamais, o Barcelona versão 2017 surge como um dos mais limitados dos últimos tempos. Primeiro foi a saída de Neymar, que mal deixou o clube e já passou a brilhar em outro país, a França do seu Paris Saint-Germain.

Depois, a dificuldade de encontrar reforços de peso no mercado mundial. Os catalães insistiram na contratação do argentino Ángel Di María e do brasileiro Philippe Coutinho, mas precisaram se satisfazer com a incorporação do francês Ousmane Dembélé, de 20 anos, que já se machucou e vai voltar ao clube apenas em 2018.

Quem está segurando as pontas no time catalão é o brasileiro Paulinho. Jogando um futebol sério e de pouca firula, ele se encaixou bem no grupo que conta com Lionel Messi e Luis Suárez – mas a sua ascensão em um clube tradicionalmente tão estrelado mostra que os catalães estão realmente vivendo dias diferentes.

Diferente também é a postura de cada um dos técnicos. Enquanto Zinedine Zidane já é uma realidade e um dos mais brilhantes treinadores dos nossos tempos, o Barcelona surpreendeu ao escolher Ernesto Valverde, um comandante que ainda precisa provar muito para demonstrar ser digno do cargo que ocupa. Seu começo tem sido promissor. Ele obteve seis vitórias nas seis primeiras rodadas do Campeonato Espanhol, algo inalcançável até para Pep Guardiola, referência de bom futebol em Barcelona. Resta saber como será sua continuidade, especialmente nos momentos decisivos.

Anote desde já: os primeiros mata-matas da Copa do Rei serão abertos no próximo dia 25, com as partidas de volta ocorrendo em 29 de novembro. Esta fase é a que antecede as oitavas de final. Ao todo, 83 equipes, das mais diferentes divisões, participam da centenária competição.

O período mais intenso da Copa do Rei é janeiro e fevereiro, com um total de seis jogos eliminatórios somando os dois meses. A finalíssima está marcada para 21 de abril e deve ser um dos últimos compromissos oficiais de Cristiano Ronaldo e Lionel Messi antes da disputa da Copa do Mundo de 2018, na Rússia.

Isso, claro, se Messi levar sua Argentina até lá.