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Comparar Boca Juniors e Corinthians não faz muito sentido. Explicamos.

Foto: Marcelo Endelli/Getty Images

Uma olhada mais atenta no que é cada clube em seu país não permite colocá-los tão próximos assim           

O “Boca Juniors é o Corinthians da Argentina”. É impossível encontrar quem não tenha escutado isso no Brasil. Afinal, são “times de massa”, com o povo tomando conta de cada um dos clubes. Mas há um enorme contraste entre as equipes, e nós explicamos.

Na proporção, Boca tem torcida maior

Traçar paralelos entre um Brasil de mais de 200 milhões de habitantes com uma Argentina que sequer chega a 45 milhões já é um complicador. Mas vamos adiante. Uma boa maneira de comparar Boca e Corinthians seria conferir qual a dimensão de cada uma das torcidas em sua pátria. E nisso o clube argentino é o maior, disparado.

A torcida do Boca representa cerca de 40% da população argentina. Por isso se diz que quando Boca e River se enfrentam, o país para. A torcida dos dois, juntos, corresponde a 75% da Argentina. A torcida do River se ocupa dos 35% restantes.

O Corinthians não chega a tanto – o Brasil tem mais clubes e é muito maior, afinal.

O diário “Lance!” publicou em março que a torcida do Timão corresponde a 27,3 milhões de brasileiros. E isso seria equivalente a 17% da população do país.

Outra contestação diz respeito à fama de “clube de povo” que ambas as equipes têm.

O Corinthians, como se sabe, joga há quatro anos em um estádio nababesco que cobra entradas nada populares. O Boca tampouco merece tal pecha – basta ver o atual presidente da Argentina, Maurício Macri, torcedor do Boca e representante da mais alta aristocracia platina.

Outra grande diferença? O Corinthians tem um estádio para chamar de seu só há três anos. Já o Boca atua no mesmo lugar e no mesmo bairro desde 1938. Impossível comparar as tradições dos dois lugares. Talvez a única similaridade seja a capacidade de cada estádio. A Bombonera comporta 49.000 espectadores. O Itaquerão tem condições de receber 47.605 pessoas.

E os títulos?

O Corinthians acaba de se tornar o maior campeão do Brasileirão. Disputado com este nome desde 1971, a competição tem agora o Timão com sete conquistas no topo das conquistas. E o Boca? O clube faturou o Campeonato Argentino nada menos que 26 vezes. O recordista de títulos nacionais na Argentina é o River, com 36 voltas olímpicas.

É impossível traçar paralelos nas conquistas internacionais.

O Boca possui seis títulos na Libertadores; o Corinthians, apenas um. O Timão ganhou o Mundial duas vezes, enquanto o Boca já assegurou o seu tri. O clube azul e amarelo leva imensa vantagem também em títulos da Sul-Americana (dois a zero) e Recopa (quatro a um).

A comparação de taças sequer é possível, mas há algo que o Corinthians pode realmente olhar o Boca desde outra perspectiva: na formação de craques.

O Corinthians tem a tradição de revelar ótimos nomes ao longo dos anos, e tal estigma não é acompanhado pelo Boca. Há, na Argentina, o ditado de que “os ídolos do Boca são falsos”, porque a imensa maioria deles foi formada em outros clubes. Tevez, por exemplo, começou a carreira no All Boys. Maradona chegou ao bairro de La Boca vindo do Argentinos Juniors, assim como Riquelme. E Palermo e Schelotto começaram em La Plata – no Estudiantes e Gimnasia, respectivamente.

É bem diferente do Corinthians, que tem mitos caseiros como Rivellino ou jogadores de grande expressão como Casagrande, Wladimir e o goleiro Ronaldo.

Nisso, o Corinthians se assemelha mais ao River, que olha para a sua divisão de base como a melhor do mundo. Levando em consideração a inevitável altivez portenha, os torcedores do gigante de Núñez têm grande dose de razão. Para ficar só em três nomes recentes, foi do River que saíram, por exemplo, Javier Saviola, Falcao García e Hernán Crespo.

Há outros interessantes pontos de contato entre River e Corinthians. Os dois times atravessaram grandes jejuns. O Corinthians sofreu na fila de 22 anos sem conquistas, de 1954 a 1977. O River enfrentou 18, de 1957 a 1975.

As duas equipes também se reergueram de formas épicas dos rebaixamentos recentes.

O River caiu para a Série B em 2011 e conquistou Sul-Americana, Recopa e Libertadores no período de 2014 e 2015. Rebaixado em 2007, o Corinthians tomou impulso para dominar a América e o mundo cinco anos depois, no épico 2012 para o alvinegro – que, se nos permite, deveria na Argentina nutrir admiração pelo vermelho e branco, e não pelo azul e amarelo…

Jogos da 12ª rodada do Campeonato Argentino 2017/2018

Sexta-feira, 8 de dezembro

  • 18:00 – Temperley x Tigre – Palpite: Temperley
  • 20:15 – Patronato x Olimpo – Palpite: Patronato
  • 22:30 – Belgrano x Huracán – Palpite: Huracán

Sexta-feira, 9 de dezembro

  • 18:00 – Banfield x Argentinos Juniors – Palpite: Empate
  • 22:30 – Arsenal x Independiente – Palpite: Arsenal

Domingo, 10 de dezembro

  • 18:00 – Rosario Central x Newell’s Old Boys – Palpite: Central
  • 20:15 – Colón x Talleres – Palpite: Empate
  • 20:15 – Racing x Gimnasia – Palpite: Racing
  • 22:30 – Estudiantes x Boca Juniors – Palpite: Boca

Segunda-feira, 11 de dezembro

  • 20:15 – Chacarita Juniors x Lanús – Palpite: Lanús
  • 22:30 – San Martín x Defensa y Justicia – Palpite: DyJ